quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Uma Trajetória Exemplar

Osorio foi um militar de muita bravura e coragem. Participou de inúmeras guerras em defesa de sua pátria, as quais lutou e demostrou ser um verdadeiro comandante de batalha... Essa audacidade não foi à toa: desde criança, demonstrava muito interesse sobre as campanhas militares de seu pai.

Com apenas 15 anos incompletos, em 01 de maio de 1823, assentou praça na Cavalaria da Legião de São Paulo e acompanhou o regimento de seu pai na luta contra as tropas portuguesas do Brigadeiro Dom Álvaro da Costa, que estavam estacionas na Cisplatina e não aceitavam a independência do Brasil. Sua primeira batalha foi nos arredores de Montevidéu, no dia 13 de maio do mesmo ano, contra a cavalaria portuguesa.

Em 12 de outubro de 1825, já como Alferes ( Aspirante-a-Oficial ), junto ao arroio de Sarandi – sob o comando de Bento Manuel, Osorio combateu os orientais e destacou-se por salvar a vida de seu comandante. Esse feito levou Bento Manuel a legar-lhe sua lança.
Batalha de Sarandi

Tropa embarcando do Rio para Montevidéu.
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No início de 1827, agora major, o oficial continua em campanha na região de Santana do Livramente. Em 20 de fevereiro, na batalha de Passo do Rosário, seus lanceiros foram o único corpo de tropa brasileira que não foi desbratado durante a batalha. Em outubro deste ano, foi promovido a tenente e participou das convenções de paz e reconhecimento da independência do Uruguai.

Em 1865, irrompia na província gaúcha a Guerra dos Farrapos, caracterizada por agitações separatistas e que por dez anos ameaçou a unidade do Império. O Tenente Osorio estava servindo em Vila Bagé nesta época. Lá se casou com a Sra Francisca Fagundes e teve como padrinho Emílio Mallet, que lutaria a seu lado na Campanha da Tríplice Aliança mais tarde.

Entre os anos de 1835 e 1845,Osorio teve ativa participação na revolução Farroupilha, sendo sempre fiel à integridade do Império. Foi promovido a Tenente-Coronel no transcorrer da Guerra, auxiliando Caxias na feitura da paz ansiada, em 25 de fevereiro de 1845.

Finda a Guerra dos Farrapos, o Imperador D.Pedro II decidira visitar a Província a fim de consolidar a paz firmada. Com isso, Caxias confiou ao Tenente-Coronel a delicada missão: “o 2º Regimento, reorganizado e adestrado pelo próprio Osorio, escoltar o Imperador através da campanha, desde a Vila de Cachoeira até São Gabriel, na ida e na volta”. O garbo dos cavalarianos, disciplinados e impecáveis no cumprimento da honrosa missão, impressionou a Dom Pedro.

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Teatro de Operações da Guerra Farroupilha.

Após a vitória na batalha de Monte Caseros, nos subúrbios de Buenos Aires, Osorio torna-se símbolo da vitória e é promovido a Coronel,no campo de batalha, por merecimento, em 03 de março de 1852.

O 2º Regimento de Cavalaria no aproveitamento do êxito em Monte Caser

No início de 1855, foi nomeado a comandar a fronteira de São Borja. Além disso, foi promovio a Brigadeiro-graduado no ano de 1856, logo depois foi incumbido de organizar uma expedição para descobrir ricos ervais, entre os rios Pindaí e Sebolati, no Alto-Uruguai. Recebeu mais tarde o título nobiliárquico Marquês do Herval.

Região de Erval Explorada no comando de Osorio.
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Em 8 de julho de 1865, após assumir o comando e de ter reorganizado o 1º Corpo do Exército Brasileiro, Osorio foi promovido a Brigadeiro-de-Campo e participou da Rendição de Uruguaina, juntamente com Dom Pedro, Caxias e outros oficiais-generais.

No início de 1866, juntamente a Tamandaré, Osorio estuda como atravessar o Rio Paraná e, no dia 16 de abril, a tropa brasileira (composta por mil homens) realiza a passagem no local conhecido como Passo da Pátria, onde é o primeiro a pisar no solo inimigo. Prosseguindo em solo inimigo, enfrentou e vivenciou os seguintes combates e eventos importantes:

  • 2 de maio de 1866: Combate de Estero Belaco – uma depressão de terreno, pela qual se unem as águas do rio Paraná e Paraguai.
  • 24 de maio de 1866: Batalha de Tuiuti. Maior combate travado na América do Sul, onde registrou na Ordem do Dia nº 56: “A glória é a mais preciosa recompensa dos bravos.”
  • 01 de junho de 1867: Osorio é promovido a Tenente-General, penúltimo posto da hierarquia militar da época. A 25 de julho, ocupou a Fortaleza de Humaitá e substituiu a bandeira abandonada pela bandeira brasileira, instalando ali a sede do 3º corpo do Exército e sua nova base de operações.

Estado-Maior do 3º Corpo de Exército (1867).


De pé, Alferes João Carlos da Rocha Osorio, Tenente Manoel Luiz da Rocha Osorio (ambos irmãos do Coronel Pedro Luiz da Rocha Osorio, de Pelotas), Tenente Francisco Osorio Torres; sentandos Coronel Antonio Jacinto Pereira Junior, General Osorio, Capitão Manoel Jacintho Osorio, Comandante do Estado-Maior do 3º Corpo do Exército.

  • 11 de dezembro de 1867: Na Batalha do Avaí, Osorio foi ferido na face, fraturando o maxilar e nesta ocasião disse: “Coragem, camaradas! Acabem com este resto.”

No Corte do Avaí - Acervo do 3º Regimento de Cavalaria.

  • 22 de dezembro de 1868: a convite, Osorio assumiu, em 6 de junho, o comando do 1º Corpo do Exército, estacionado em Piraju, para dar início à Campanha das Cordilheiras.
  • 12 de agosto de 1868: à frente do seu 1º Corpo de Exército, capturou a praça forte Peribebuí.

Forçado pela piora de sua saúde, Osorio deixou, no dia 24 de novembro de 1868, por definitivo a campanha e quando retornava, recebeu a notícia do falecimento de sua esposa.

Em 5 de agosto de 1871, Deodoro, um dos que constantemente estiveram ao seu lado nos campos de batalha, entregou-lhe, solenemente, em Porto Alegre, custosa espada de horna, cinzelada em ouro e ornada de brilhantes. Em sua lâmina de fina aço, estavam gravadas as batalhas e combates em que heroicamente se empenhara.

A 11 de janeiro de 1877, foi escolhido pela Princesa Isabel para Senador do Império pela Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Em 2 de junho deste mesmo ano, foi lhe outorgada a patente de Marechal-de-Exército Graduado, posto máximo no Exército da época.

No dia 4 de outubro de 1879, aos 71 anos de idade, faleceu. “ Perdia o Brasil, naquele momento, um soldado de trajetória cívico-militar exemplar. Extinguia-se uma das mais valiosas existências, símbolo de um povo, síntese de uma época.” .



Bibliografias utilizadas:
1.General Osorio 200 anos - Uma Trajetória Exemplar de Soldado. Publicação especial do Centro de Comunicação Social do Exército - CCOMSEx.
2.Osorio/Coronel Pedro Paulo Cantalice Estigarribia. - Porto Alegre: Nova Prova,2008.



(Marcelle Pujol)

3 comentários:

Suzana Gutierrez disse...

Muito bom este texto, tanto no conteúdo, quanto na diagramação. Parabéns !

Paulo Pereira disse...

Recebi um e-mail de um ilustre camarada d´armas, dos tempos de antanho, com a imagem do Duque de Caxias, Luis Alves de Lima e Silva com a seguinte frase: "Esse é o 'Cara'".
Discordo: O 'Cara' é Osório.

O Duqe era uma espécie de FHC, inteligente e vaselina, embora comatente.

Osório era só combatente, como Lott, um soldado absoluto.

concordo com comentarista Suzana. O blog é bem construído.

Unknown disse...

"Servi a pátiria no ano de 2004,na arma de cavalaria e não, só eu como todos os outros camaradas nos orgulhamos de ter este centauro, como patrono do exército, parabéns, e viva a cvalaria"